logo RCN

ALESC VOLTA A DISCUTIR AMPLIAÇÃO DO CRIME DE RESPONSABILIDADE

  • Bruno Collaço/Agência AL -

Medida pode abrir brecha legal para impeachment contra Carlos Moisés da Silva. Ação foi movida pelo líder de oposição

A Assembleia Legislativa de SC (Alesc) deve colocar em pauta nesta terça-feira (23) a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 01/2020, que estabelece novas regras para o repasse de recursos estaduais aos municípios. A matéria é considerada essencial pelo Executivo para dar celeridade ao pagamento de emendas parlamentares ainda antes do início do período eleitoral. A Casa também analisará uma proposta do deputado Ivan Naatz (PL) que pretende definir como crime de responsabilidade o não pagamento das emendas.
Por alterar a Constituição Estadual, o texto precisa da admissibilidade aprovada tanto na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), quanto no plenário. A tendência é de que o projeto seja votado pela manhã na CCJ e à tarde por todos os deputados. Depois disso, volta para a CCJ para análise do mérito e ainda precisa tramitar na Comissão de Finanças e Tributação e na Comissão de Assuntos Municipais antes de ir para votação final, novamente em plenário.  
A PEC tem as digitais do ex-secretário da Casa Civil, Douglas Borba. Foi ele quem assinou a proposta que chegou à Casa ainda em fevereiro. O objetivo do Executivo é ter a possibilidade de pagar emendas parlamentares individuais fundo a fundo, como uma alternativa ao modelo de convênios. Assim, segundo o governo, o repasse aos municípios ficará menos burocrático. "O governo do Estado mandou uma PEC para a gente para que os recursos possam ser entregues aos municípios fundo a fundo. Hoje, só existe relação via convênio e nós não temos mais tempo para fazer pagamento de emendas no prazo que a lei eleitoral exige", disse a deputada Paulinha (PDT), líder de governo. 
A análise do texto atrasou devido à pandemia de Covid-19 e ganhou um "penduricalho" no meio do caminho. O deputado Ivan Naatz (PL), líder de oposição, apresentou uma emenda ao texto em que define o não pagamento das emendas parlamentares como crime de responsabilidade.  
"Sugiro [...] a modificação do inciso VI do art.72 da Constituição do Estado (CE), com vistas a especificar, como hipótese de crime de responsabilidade, ato do Governador do Estado que atente contra as programações referentes às emendas individuais de parlamentares e às de bancadas ou blocos parlamentares à lei orçamentária", diz o texto.  
Na prática, o assunto pode complicar o governo de Carlos Moisés da Silva. Isso porque abriria brecha legal para um possível pedido de impeachment caso o Executivo deixe de pagar alguma emenda. Além disso, garante mais controle do Legislativo sobre o orçamento estadual.  
Segundo Naatz, a justificativa da ação ocorre porque "na execução do Orçamento estadual, o Poder Executivo, de forma recorrente, não tem executado as dotações orçamentárias indicadas por emendas parlamentares".  
O texto também prevê a criação das emendas de bancadas ou blocos parlamentares, destinando 0,2% da receita corrente líquida do Estado. Somando ao 1% reservado para as emendas individuais, o Parlamento teria 1,2%. Se considerada a receita corrente líquida de 2019, esse percentual representa cerca de R$ 301 milhões.  
"A emenda é inconstitucional porque crime de responsabilidade só é imputado por lei federal, mas o pior é que o governo vai ser obrigado a judicializar esse trecho da lei e pode criar embaraços para liberação de emendas para municípios num prazo que já é curto", disse Paulinha.  
  De novo 
Uma proposta semelhante já havia tramitado na Casa no segundo semestre de 2019, assinada pela Mesa Diretora da Alesc. Na época, a CCJ conseguiu barrar a proposta em uma das poucas vitórias de Moisés no Parlamento.  
Se o texto é o mesmo, a CCJ está diferente. Em quase um ano, a Comissão mudou de cara e se tornou mais oposicionista. O PSL, por exemplo, substituiu o deputado Coronel Mocellin (ex-líder de governo), pela deputada Ana Caroline Campagnolo, mais crítica a Moisés. 
Em outro lance político, o PSD abriu mão da vice-presidência na Comissão para garantir a presença de Naatz, após este trocar o PV pelo PL. Além disso, o então líder de governo, Maurício Eskudlark (PL), que deu voto favorável ao Executivo na época, trocou de lado e já até assinou pedido de impeachment de Moisés.  

CASO DOS RESPIRADORES TEM INDÍCIOS DE PARTICIPAÇÃO DE CARLOS MOISÉS DA SILVA Anterior

CASO DOS RESPIRADORES TEM INDÍCIOS DE PARTICIPAÇÃO DE CARLOS MOISÉS DA SILVA

EM COMBATE À COVID-19, 'OPERAÇÃO SOSSEGO' TEVE CONTINUIDADE NO SÁBADO E DOMINGO EM TORRES Próximo

EM COMBATE À COVID-19, 'OPERAÇÃO SOSSEGO' TEVE CONTINUIDADE NO SÁBADO E DOMINGO EM TORRES

Deixe seu comentário