Mais de 30 pessoas já registraram ocorrência e relatam terem sido enganadas.

A polícia investiga um possível golpe envolvendo uma agência de modelos de Cachoeirinha, na Região Metropolitana de Porto Alegre. Mais de 30 pessoas já registraram ocorrência e relatam terem sido enganadas.

As vítimas detalharam à polícia que foram procuradas pela agência Academia de Modelos por meio de mensagens em uma rede social. Uma das mães, que prefere não se identificar, disse que inicialmente foi pedido R$ 350 para fazer imagens de seu filho. Entretanto, a sessão de fotos nunca foi feita.

Para outra mãe foi prometido um curso, além das imagens. Ela só teria que pagar pela documentação. "Eu tenho comigo aqui o encaminhamento para o curso, que nunca aconteceu, eles não me ligaram realmente e o curso ia ser iniciado dia 2 de setembro." A mulher chegou a desembolsar mais de R$ 500 entre inscrição, ingressos e camiseta.

Os ingressos faziam parte de uma outra promessa: participar de um desfile. Só que era preciso vender no mínimo três ingressos, no valor de R$ 50 cada um. Os pais desconfiaram e entraram em contato com o clube onde o evento seria realizado, e descobriram que não havia nada agendado.

"Foram R$ 500 do curso de modelo, mais R$ 500 do desfile, mais três ingressos de R$ 50 cada um e fora um valor de R$ 185 que ele passou a mais, que era de juros cobrados indevidamente, que depois eu me dei conta, ele ficou de depositar e até hoje nada. Total de quase R$ 1,3 mil."

Alguns pais desconfiaram e procuraram a polícia. Até agora, 32 pessoas registraram ocorrência em uma Delegacia de Cachoeirinha contra a suposta agência de modelos. Eles contaram que pagaram de R$ 300 e até R$ 1,5 mil pelos serviços.

O delegado Newton Martins de Souza Filho explica que, em alguns casos, algumas das vítimas chegaram a receber as imagens.

"Mas fotos de péssima qualidade, que não condizem com qualquer serviço sério. Então nós estamos apurando o máximo de vítimas. A gente já viu que há antecedentes no sentido de golpes aplicados desde o ano de 2015, dessa mesma maneira, com essa história da agência de modelos, e nós vamos tentar chegar a um modo de talvez recuperar esses valores e, se possível, botar esse pessoal na cadeia", observa o delegado.

Agência não tinha alvará

A Prefeitura de Cachoeirinha diz que a agência não tem nem alvará para funcionar. A RBS TV foi até a agência, onde foi informado que o dono é Gustavo Rodrigues - nome que também aparece nos boletins de ocorrência.

"Não tem nenhum responsável que possa conversar com vocês neste momento. A empresa não tem interesse em gravar entrevista", disse uma pessoa pelo interfone da agência.

Nos contratos que os pais receberam, existem dois CNPJs. Um está registrado como Academia de Modelos, com sede em Cachoeirinha. Mas outro é de uma outra agência que operava em Porto Alegre e que foi fechada pelo Procon em março deste ano.

"Essa empresa captava crianças no Centro de Porto Alegre, levava as crianças para o seu estúdio, dizia pras mães que tiraria algumas fotos e que a criança participaria de um curso de modelos para depois conseguir um emprego. Quando, na verdade, ele tirava algumas fotos, acabava não entregando o álbum e muito menos um emprego. Isso gerou um número grande de reclamações no Procon de Porto Alegre, que fez com que nós interditássemos a empresa", conta a diretora do Procon, Sophia Vial.

Quem se apresentou como responsável no Procon da capital foi Gustavo Rodrigues, o mesmo que nos disseram que é dono da agência de Cachoeirinha. Ele fez um acordo com o Procon: poderia manter a agência funcionando, desde que devolvesse o que os clientes pagaram e desse cursos de graça em escolas públicas, mas nada disso aconteceu.

"Como houve o descumprimento do compromisso, consolida-se uma multa desta empresa, ele [responsável] vai ser inscrito em dívida ativa caso não pague, assim como nós remetemos para outros órgãos de controle essa denúncia", observa a diretora do Procon.

Recomendação é cautela

O delegado orienta que os consumidores desconfiem de propostas desse tipo. "Desconfie de qualquer promessa com fundos mirabolantes ou muito dinheiro através de um investimento pequeno, porque isso não existe, de fato."

"Os pais têm que ter cuidado, se aquela escola está normatizada pelo sindicato, se tem alvará, deve pesquisar ações judiciais e até mesmo pesquisar no Procon da sua cidade se tem reclamação contra aquela empresa", acrescenta a diretora do Procon.

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