Acordo firmado entre as partes foi o primeiro passo para diminuir atritos entre os praticantes do esporte e os agricultores que se sentem prejudicados.

Aconteceu na noite de sexta-feira, 25 de setembro, na comunidade de Vila Santa Catarina, uma reunião entre um grupo de agricultores e pecuaristas de São João do Sul, com balonistas e autoridades municipais, dentre eles, o vereador Roni Marinho Farias.

A pauta da reunião foi a necessidade de regras para a prática do esporte no município, em especial a aterrisagem, no qual os proprietários de bovinos alegam que os animais ficam em pânico com o barulho dos balões, além disso, plantações já teriam sido prejudicadas durante o resgate dos balões.

Após os agricultores falarem dos principais problemas que os voos vêm trazendo no município, os balonistas presentes ao encontro ressaltaram a preocupação com os incidentes e que eles vêm trabalhando sempre para minimizar esses tipos de situação, haja visto que os balões não são dirigíveis, e dependem muito da posição do vento, que guia o trajeto. Conforme a piloto Laís Pinho, presidente da Federação Gaúcha de Balonismo, que também voa com frequência na região dos Cânions: "esses casos são isolados, sendo preciso mapear os responsáveis para que assim sejam identificados e cobrados pelos atos, tendo em vista que somos em 16 balonistas que normalmente voam por aqui. Somos amantes do balonismo e sabedores que esse tem trazido grande valorização para o turismo regional, mas nem por isso, temos o direito de prejudicar qualquer agricultor ou pecuarista, sendo que precisamos proteger também os animais destas propriedades", disse Laís.

Os agricultores, por sua vez, demonstraram insatisfação, lembrando que muitos foram os incidentes e que principalmente os bois são animais assustados, que quando vejam os balões próximo acabam fugindo, arrebentando o que vem pela frente, estourando cerca e até provocando acidentes.

Incidente grave

O agricultor Tiago Nascimento, da comunidade de Encruzo, um dos organizadores da reunião, foi também quem teve recentemente um dos piores incidentes em virtude dos voos, sendo que um dos animais que utilizava para o trabalho, um boi de aproximadamente 1000 kg precisou ser sacrificado após quebrar as patas traseiras. "Meus animais estavam amarrados próximo da propriedade do meu sogro, quando um balão passou voando bem baixo na propriedade. Um dos animais acabou se assustando e tentou fugir, mas a corda esticou e ele acabou caindo sobre as patas traseiras, causando fratura nas duas patas. Como não tinha mais o que ser feito, ele foi sacrificado", disse o agricultor, ressaltando que acidentes como esse não só causam prejuízos financeiro, como também mexem emocionalmente, pois era uma parelha de boi usada para o dia a dia de trabalho, com inestimável valor sentimental. 

No dia deste incidente, a Polícia Militar foi acionada, porém, após um acerto inicial, entre o balonista e o agricultor, houve divergências, o que foi solucionada com apoio dos demais balonistas, durante a reunião.

Demarcação de locais  

Um nova reunião entre os balonistas e agricultores, juntamente com a Administração Municipal foi realizada na quarta-feira, 30 de setembro, na Prefeitura Municipal, no qual ficou pré-definido os locais mais acessiveis a pouso no município, para que assim evitem possíveis problemas.  

Também os balonistas reforçaram que em caso de qualquer necessidade real de precisar voar e pousar no interior do município, os agricultores podem ficar tranquilos, que qualquer incidente será indenizado. Com isso, agricultores e balonistas chegam a um consenso, usando do diálogo para evitar possíveis atritos, protegendo a agricultura e possibilitando o desenvolvimento do turismo regional.