O texto extraído e adaptado do site agroecoculturas.org relata sobre a fusão de grandes multinacionais ligadas ao agronegócio e os seus reflexos.

A cada ano novo na Alemanha, na cidade de Berlim, é realizada a "Semana Verde" (Grüne Woche). Neste ano a feira foi realizada de 21 a 29 de janeiro, com intensos debates sobre as políticas públicas em apoio ao agronegócio. A discussão central desse ano foi a crescente concentração de poder no agronegócio. Cada vez menos multinacionais dominam o mercado da produção de alimentos e sua distribuição. Isso é uma ameaça para a soberania e segurança alimentar, porque estão destruindo os sistemas alimentares territoriais, expulsando as famílias agrárias do campo e acabando com a agricultura familiar e os mercados locais.
Somente quatro corporações controlam cerca de 70% do comércio mundial com commodities agrícolas. Três multinacionais dominam 50% do mercado mundial para tecnologias agrárias. Caso as megafusões planejadas se realizem, somente três empresas dominariam mais de 60% do mercado global para sementes e pesticidas. Com a compra planejada da Monsanto, a Bayer poderá dominar um terço do mercado global para sementes comerciais e transgênicas, e um quarto do mercado para agrotóxicos. Assim poderá decidir o que se planta, como os cultivos são manejados, e a final o que se come.
As consequências do poder das multinacionais são a concentração de terras, patentes e monoculturas. Esse poder cria fortes dependências dos agricultores, das agricultoras e dos consumidores. As decisões dessas empresas são tomadas sem considerar as consequências locais, nem são responsabilizadas pelos danos. O manejo industrial das monoculturas, com aplicações de toneladas de agrotóxicos e de fertilizantes sintéticos, destrói a agrobiodiversidade e com isso a resiliência dos ecossistemas de grandes territórios.